terça-feira, 27 de outubro de 2015

As portas estão sempre abertas para ti na catequese

Quando era catequista do 7º ano na paróquia de Proença-a-nova, tinha a ficha de inscrição de um catequizando que nunca tinha vindo à catequese. Depois de duas ou três faltas seguidas perguntei aos colegas se sabiam quem ele era.

- " Sim, catequista. Ele é da nossa escola e está a repetir o ano. O ano passado nunca veio à catequese." Senti-me triste. Eu era a sua catequista e nem uma vez tive oportunidade de lhe falar de Deus. Algumas vezes já tinha entrado na escola e resolvi voltar. Quando entrava, lá apareciam as caras conhecidas a sair apressadas para o recreio:

- " Olá catequista! Veio visitar-nos?"
-" Estou de passeio e bem acompanhada". A Clarinha era ainda pequena e passeava no meu colo. As funcionárias metiam-se com ela e perguntavam-me quem era.

-" Onde está o resto da turma?"
-" Estão ali do outro lado do recreio."
-" Ah, alguém viu o vosso colega que nunca veio à catequese?"
-" Sim, catequista. Ele é da outra turma. Eu vou lá chamá-lo."

Nesse instante, oiço as meninas a cochichar: " A nossa catequista quer falar com ele", uns andavam para um lado, outros para o outro e mais dois colegas a procurarem-no.  Ás tantas já havia uma multidão à minha volta. Alguém me disse:

-" Ele está aqui catequista!" Aproximei-me dele.  Sorri. 
-" Olá, eu sou a Rute, a tua nova catequista este ano. Não precisas ficar atrapalhado. Sabes, sinto a tua falta nas aulas de catequese, fazes parte do grupo. Sei que és mais velho mas és bem-vindo e as portas estão sempre abertas para ti na catequese." Voltei a sorrir. Ele olhou-me nos olhos e sorriu também. Dei-lhe um grande abraço. Sei que alguma coisa aconteceu naquele instante e nem o fato de ele nunca ter aparecido na catequese depois daquele dia me fizeram sentir fracassada no meu gesto. Eu sei que alguma coisa ficou gravada no seu coração. Será que alguém já lhe tinha dito que sentia falta dele e que ele era bem-vindo na catequese?

Deus faz o mesmo comigo cada instante. Chama-me vezes sem conta quando me afasto. Muitas vezes finjo que não o oiço e insisto caminhar à minha maneira. Mas ele não vai desistir de me chamar até que eu lhe diga sim e volte para perto Dele. Muitas vezes desistimos das pessoas, ignoramo-as sempre que saem da rota e pensamos; " É um caso perdido!" Pelo contrário, são a essas pessoas que temos de dar mais atenção, acolhe-las e trazê-las para perto do amor de Deus. Muitas vezes, esses "casos perdidos" vão à nossa frente para o céu quando se convertem e descobrem o Senhor.

 Deus tinha-o chamado naquele instante mas ele ainda não estava preparado. Sempre que passo perto da escola penso como ele estará. Um dia voltarei. Sim, voltarei, nem que seja para lhe dar de novo um abraço.


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