quinta-feira, 2 de julho de 2015

Uma tocha que queima o Amor Puro do Senhor

Ontem, mesmo antes da nossa oração familiar, a Clarinha choramingava pois doía-lhe uma unha do pé. 
-"Deixa-me ver Clarinha. Onde te dói?" Ela com receio que a magoasse segurou no pé e apontou .
-" É aqui. Dói-me muito mamã, não toques..."- E choramingava de novo.
-" Clarinha, a unha partiu-se um pouquinho e só está presa por um fio. Isso, não é nada! Eu puxo só um pouquinho e esse pedaço sai e não dói nada!"
-" Não mamã, vai doer muito!" E voltava a choramingar.
-"Não queres que eu mexa? Ok. Ela há de cair naturalmente..."
-" Não mamã, se não tirares vai doer muito...!" E voltava a chorar, agarrada ao pé.
-" Clarinha, queres que eu tire ou não? Senta aqui, eu puxo rápido e não vai doer nada, vais ver!" ela voltava  a choramingar e dizia que lhe  doía muito. Chorava porque queria que eu tirasse o pedaço da unha e chorava porque queria que eu não mexesse e insistia: " Vai doer muito, mamã". Mal ela me deu uma oportunidade de me aproximar para ver, nem em 2 segundos resolvi o problema.
-" Já está!"
 Ela parou de chorar e espantada olhou para mim.
- " Então, não doeu nada pois, não?" Ela sorriu acenando-me com a cabeça. Comecei logo a fazer-lhe cócegas na barriga e as duas rimo-nos às gargalhadas e eu pensava em todo aquele espetáculo de choro que ela tinha feito por nada.

Quantas vezes nós agimos assim, quantas vezes temos problemas que Deus vê que estão presos por um fio e Ele próprio nos quer libertar e nós ficamos agarrados a eles, a chorar ora porque queremos ficar sem eles ora porque temos medo que doa ainda mais ficar sem eles...e em vez de abrirmos o coração a Deus  e "entregarmos os pontos", agarramo-nos à nós próprios e achamos que sozinhos é que vamos conseguir alguma coisa...

Quantas vezes estamos agarrados a pequenas coisas e não abrimos mão delas para nos entregar ao Senhor! Até quando teremos a ilusão que temos força alguma para nos libertar dos nossos problemas sozinhos! É uma grande ilusão esta... David só conseguiu derrotar Golias porque ele confiava na força do Senhor. Ele lutou em nome do Senhor e não em nome próprio. Quando é que vamos nos decidir lutar em nome do Senhor? Ou querem continuar a sentir-se derrotados?

Sabem, uma grande parte da minha vida passei-a a sentir-me derrotada... Apesar de buscar de todo o coração o Senhor, eu continuava a sentir-me derrotada... Sabem porquê? Porque sempre que surgia um desafio ou problema eu só usava e contava com as minhas forças humanas. Sempre que nos fechamos em nós próprios, sempre que nos fechamos unicamente na nossa família ou sempre que nos fechamos em alguma situação, a força e o poder de Deus não consegue fluir em nós como poderia.

Descobri, quando comecei a servir mais a Deus, quando comecei a visitar o lar de idosos, a servir na catequese, no grupo de jovens, a dar tempo para levar o Senhor aos outros, que a força que agia em mim não era somente a minha, mas a própria força do Senhor!

Quando uma mãe da família ou um pai de família ou os dois decidem dar a Deus o primeiro lugar, a família não fica a perder antes pelo contrário! A união do casal é maior pois é o próprio Amor de Deus que os uniu no matrimonio que os inflama no amor e além disso, uma casa governada com pessoas agindo pela própria força do Senhor é uma casa alegre, onde os filhos se sentem muito abençoados! E o tempo em família não se mede só pela quantidade mas principalmente pela qualidade e entrega. 

A família que se entrega toda ao Senhor é uma tocha que queima o Amor Puro do Senhor! Não querem experimentar?

Abram os vossos corações e levem o Senhor a outras famílias! As vossas próprias famílias ficarão a ganhar e receberão muito do Senhor... 


Retiro de Famílias de Caná em Proença-a-Nova


Nossa Senhora de Caná - aguarela.jpg

Como a Teresa já anunciou no blog, dia 19 de Julho, domingo, a nossa Paróquia de Proença-a-Nova estará em festa. A Aldeia de Caná de Proença-a-Nova está a dar os primeiros passos e as novas famílias que entretanto estão a fazer a caminhada connosco, estão entusiasmadas com o retiro e com a oportunidade de partilharem este dia com a Família Power! Como é bom unir a nossa pequena Aldeia, à grande Família das Famílias de Caná!
O nosso coração também está aberto a todas as famílias que queiram juntar-se a nós! Mesmo famílias que venham de longe e queiram pernoitar, terão com certeza um acolhimento em casa de famílias de amigos nossos! Arrisquem e venham viver de perto um encontro pessoal com o Senhor em família!
Toda a informação acerca do programa e inscrições estão disponíveis em http://umafamiliacatolica.blogs.sapo.pt/

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Permanece em Mim

Quando estou sozinha em casa com os três, tenho momentos de grande aventura, diversão, trabalho mas também trabalho em equipa e de alguns momentos mais cansativos. Hoje compreendo que esta escola belíssima que é a maternidade é o caminho que eu precisava para me aproximar verdadeiramente da união com Deus.

- " Mamã, sabes como se consegue pilotar este avião? Olha, como tem esta curvatura aqui nas asas, ele consegue subir e voar melhor... Mamã, estás a ver?" O Gabriel falava entusiasmado e sempre a olhar para mim, enquanto a Clarinha puxava-me pelo braço e insistia: 
-" Olha, mamã! Olha, já consigo fazer esta ginástica e este salto! Tens que ver!" Enquanto isso, a Sofia agarrava-se às minhas pernas e choramingava, pois queria colo.
O Gabriel ao olhar para trás gritou:
-" Mamã, nem queiras saber o que a Sofia despejou no tapete?"
Enquanto, tudo isto acontecia eu só pensava: " Será que eu sou capaz de arrumar até ao fim a mesa sem interromper mil e uma vezes?" 

Há um tempo atrás ficava stressada e desanimada quando sentia que não dava conta do recado mas há uns dias atrás aconteceu uma situação semelhante e ao telefone partilhava ao Serge, toda contente:

-" Sabes, esta tarde houve muita festa cá em casa com os três! No meio de tudo aquilo, antes que o desespero tomasse conta de mim, comecei a rir à gargalhada à frente deles. Afinal, eles estavam só a brincar. Até parece que já me esqueci o que é ser criança! Eles ficaram a olhar para mim e começaram a rir também, eu só pensava: " Estas são as minhas prendas para ti, Senhor, permanecer na alegria, não deixar que o meu coração se perturbe, permanecer no teu Amor..."

Enquanto faço limpezas grandes lá em casa com os três, limpando móveis, o frigorífico, tirando o gelo ao congelador, fazendo o que tenho a fazer, o Senhor tem dito ao meu coração: " Tens tarefas a realizar, realiza-as o melhor que sabes. Mas lembra-te: o teu pensamento deve estar sempre em Mim, voltado para Mim, pede-me ajuda, deseja consolar-me com os teus sacrifícios."
 É assim, que se edifica uma grande Aldeia. Realizar as tarefas mais simples que Deus nos traz em cada dia como o trabalho, a lida da casa, ou o cuidar dos filhos, a família mas  sempre com o pensamento no Senhor.

Para escrever este post, tive mil e uma paragens pelo caminho, a Sofia a puxar-me, o Gabriel e a Clarinha a pedirem-me para ir buscar o avião de papel que aterrou do outro lado da estrada, fora do portão, enfim... O importante é que o post está cá e é dedicado a todos vocês. Se valeu os sacrifícios? Não tenho dúvidas!

Abençoados obstáculos, fracassos, dificuldades, trabalho que tenho na minha vida! Oferece-os com Amor ao Senhor e sei que são o combustível para edificar a Aldeia de Caná de Proença-a-Nova! 
É tudo o que tenho para oferecer: a minha vida. 
Se não formos nós os primeiros a oferecer ao Senhor os nossos sacrifícios, será que alguém se ofertará para o fazer no nosso lugar? 







terça-feira, 30 de junho de 2015

O sonho, o fracasso e a resposta

Na escola sempre fui uma boa aluna, com boas notas e sempre me preocupava com os meus colegas. No final do secundário tinha uma média muito boa e podia escolher muitas saídas profissionais. Ao entrar na faculdade, não escolhi a área em que tinha melhores notas  ou a área que tinha melhor saída profissional. Eu tinha gosto por tudo, queria saber um pouco de tudo e tinha um sonho. Lembro-me de escrever num caderno acerca dele: Eu queria unificar todo o conhecimento, queria compreender a linguagem de todas as ciências estudadas e chegar à essência, a tudo aquilo que é verdadeiramente essencial  e transformar o mundo à minha volta... Eu sabia que a Matemática era a linguagem de todas as ciências. estava disposta a dar o meu melhor. Então, entrei no Curso de matemática, ramo científico.

Quando nós temos um sonho, um desejo sincero do nosso coração, o Senhor dá-nos sempre a resposta ao longo da vida, na maior parte das vezes, não da forma que queremos mas sim da forma verdadeira.

Entrei no curso logo na primeira opção. Gostei da linguagem lógica, certinha de aplicar conhecimentos, mas o Senhor já nessa altura queria falar-me ao coração. Lembro-me de estudar muito, até cheguei a fazer gravações de matéria de Álgebra Linear para um colega invisual estudar. Vieram os primeiros exames e os seguintes e eu não conseguia passar. Fiz muito poucas cadeiras do curso, mas as que fiz tirei boas notas. Tudo me mostrava que ali não era  meu lugar e eu insistia em ficar, até fiquei doente e muito em baixo. Foi um tempo doloroso e de grande fracasso para mim.
As marcas do fracasso que senti nessa altura são hoje uma das fontes da minha força em tudo o que faço!

Tudo o que o Senhor permite é para nosso bem. Hoje, riu-me com o meu passado e digo: " Fui mesmo teimosa! Porque não mudei logo de curso?" Hoje também sei a resposta: " Se tivesse mudado de curso, talvez estivesse com uma boa carreira profissional e longe, longe dos caminhos de Deus... Talvez me sentisse cheia de orgulho pelo meu percurso e não precisasse de Deus! Talvez não tivesse sido mãe tão cedo, nem estaria com a família linda que tenho. O fracasso que senti foi a benção que eu precisava para salvar a minha alma!"

Mais ou menos nessa altura conheci o Serge, foi ele que me resgatou. Com o tempo comecei a ter as primeiras respostas ao meu sonho: a linguagem que nos leva a conhecer a essência de todas as coisas não se faz por meio da matemática ou da ciência, só há uma linguagem que nos leva a unificar tudo. Essa linguagem é o Amor, a força mais poderosa de todo o universo. A linguagem do amor entrou na minha vida pela comunhão e partilha com o Serge e com ele, os nossos filhos. Mas esse amor humano ainda era pequeno para unificar tudo. Aos pouquinhos Deus foi-me  chamando a conhecer um Amor ainda maior através da minha família e da maternidade, o Amor capaz de transformar e de romper fronteiras de espaço e tempo e de desafiar as leis da natureza e da matemática. O Amor de Deus, aquele Amor que não tem limites e nos quer unificar a todos num só corpo.  É a este Amor do próprio  Deus que temos que entregar toda a nossa vida acima de todas as coisas e dar-lhe o primeiro lugar...

Ajuda-nos, Senhor a sermos fiéis a este Amor! Sim, o Amor de Deus é a essência de todas as coisas!







segunda-feira, 29 de junho de 2015

O nosso quarto encontro de famílias em Proença-a-Nova/ Famílias de Caná

O dia esteve muito quente mas mais quentes estavam os nossos corações, apesar de obstáculos e contratempos estivemos juntos de novo! Já somos um núcleo de famílias comprometidas a caminhar na fé e sentimos todas que precisamos mesmo deste domingo por mês! Este encontro foi um pouco diferente dos anteriores: o Serge não pode estar presente, nem estiverem presentes os outros maridos, mas isso não foi impedimento de fazermos a nossa caminhada. Desde o último encontro, estamos a abordar a Bilha da Vida Sacramental e teremos mais alguns encontros sobre este tema, acompanhados com os ensinamentos do Padre Paco. 
O encontro começou com música e com as crianças no tapete. Depois, tivemos um ensinamento do Padre Paco. Tinha pensado em gravar o ensinamento e começar logo o trabalho com as crianças que tinha preparado, mas o Padre Paco sugeriu estarmos todos presentes. Ao canto da sala, distribui folhas brancas e canetas por todas as crianças, enquanto nós adultos, neste caso mães, formámos uma mesa redonda ouvindo o Padre Paco. Senti-me muito feliz e grata pela oportunidade de ele nos estar a acompanhar nesta caminhada. As crianças adoram-no, pois ele é muito brincalhão e bem disposto! Não consegui fotos pois enquanto as crianças faziam os seus desenhos, eu tentava ouvir o padre Paco com a Sofia no colo a mexer no meu caderno. Para a próxima, com a ajuda do Serge, tiro fotos durante o ensinamento e transcrevo um pouco o que foi falado.



Depois do ensinamento, fizemos então a atividade que tinha preparado para as crianças, mas desta fez, em família. 


Neste encontro, tinha preparado falar  do sacramento da reconciliação, da importância de limparmos o nosso coração e de o mantermos puro no nosso dia-a-dia. Comecei por contar a passagem Bíblica na qual Jesus instituiu este sacramento :

"Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.
E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
«queles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos."

João 20:19-23


Falámos do coração de cada um de nós, da preocupação de o manter puro e limpinho. Abordámos o que era o pecado, os gestos que deixam Jesus triste, que no fundo são os gestos que nos afastam de sermos felizes. E reforçamos que só há um "sabão" capaz de limpar o nosso coração do pecado, que é a força viva da presença do Senhor, através do sacramento da reconciliação. 

Para que os mais pequenos entendessem na prática fiz a seguinte    " magia",  que todos adoraram: peguei em três frascos de vidro idênticos e escrevi em cada um deles uma etiqueta: " O meu coração", noutro " Jesus" e no último " Pecado". No primeiro, enchi com um pouco de água; no segundo enchi com lixívia diluída transparente, à vista parece água; e no último enchi com água e alguma tintura de betadine (que se usa para desinfectar as feridas), a solução é castanha escura, de forma que no total todo o líquido ocupasse o espaço de um único frasco cheio.

O diálogo desenrolou-se mais ou menos desta forma:
-"Deus criou-nos com um coração limpinho e transparente, conseguem observá-lo aqui no frasco? O que acontece se não nos portamos bem? Se não ajudamos a mamã lá em casa, ou se magoamos os irmãos?" Nessa altura despejei um pouco do frasco do "Pecado" no frasco" O meu coração".
-" O nosso coração começa a ficar sujo!" responderam.
-" Sim, é verdade! Vocês acham que o pecado é mais forte que Jesus, acham que o pecado consegue manchar Jesus?" Nessa altura despejei um pouco de " Pecado" no frasco de " Jesus".
-" Oh! é magia, a água de Jesus fica igual, não fica manchada!"
-" Pois, não! O pecado não consegue fazer nada em Jesus. Jesus é mais forte e ele é o único que consegue limpar o nosso coração. querem ver?" Despejei do frasco de " Jesus" no frasco do "o meu coração" até ficar limpinho.
-" Oh!...ficou mesmo limpinho" 
-"É o que acontece no sacramento da reconciliação! Jesus é capaz de apagar o pecado" despejei um pouco do frasco "Jesus"  no frasco " Pecado" até ele ficar totalmente transparente e depois despejei todos os líquidos no frasco "Jesus". O resultado é um frasco com líquido transparante, como no início. Depois, disse:
-" Se o nosso coração estiver unido ao coração de Jesus, o pecado não consegue entrar! E estaremos cheios!"

Para trabalharem o perdão, imprimi uma ovelhinha em papel para colocarem no canto de oração. Na cabeça escrevemos o nome de cada um e no corpo colámos algodão para ficar mais branquinha, como deve ser o nosso coração.



Cada um fez o voto de colocar a sua ovelhinha perto de Jesus no canto de oração e sempre que se portassem mal, pegavam na ovelhinha e iam pedir desculpa à pessoa que tinham ofendido e a Jesus, depois voltavam a colocá-la junto de Jesus.

O nosso lanche partilhado...



Por fim, na nossa oração familiar na capela, cada um agradeceu o dia e colocou a sua ovelhinha diante do altar. Aqui estão só algumas...



Juntos rezamos a consagração a nossa Senhora Auxiliadora Mãe de Caná, em pouco tempo já saberemos todos a oração sem a ler! E o Shemá, é claro!

As crianças estavam ansiosas para que o padre Paco lhes mostrasse os animais. 








Há sempre novidades! Haviam tantos coelhinhos bebés !



Junto à cruz, a nossa foto!

A Paula lançou o desafio de ainda irmos à praia da Fróia, estava muito calor e as crianças queriam estar mais tempo juntas!
Eu estava super cansada.... mas como é importante entre famílias o espaço de convívio e partilha. Na minha cabeça vieram estes pensamentos: "Os núcleos de famílias que querem crescer na fé, na partilha e no testemunho serão a salvação da nossa sociedade. Os seus corações serão as bases transbordantes do Amor de Deus para o resto do mundo! Os encontros de família que hoje parecem tão insignificantes serão o futuro e uma realidade viva. Serão a salvação do casamento, da união da família, da abertura ao dom da vida e da confiança num futuro com esperança..." 

Sim, vamos! Mesmo cansada todos os momentos são poucos para construir esta realidade! Há tanta coisa para aprender.....



sábado, 27 de junho de 2015

Total consagração ao Senhor

Quando li o post da Teresa sobre a sua participação no Painel da Vida consagrada, lembrei-me de uma experiência muito forte que tive há uns anos atrás. Nessa altura, só tinha o Gabriel, ele era muito pequeno e era Verão. Numa conversa com o Serge,  partilhei o meu desejo de passar 2 ou 3 dias num convento nesse Verão, sentia um chamamento. Lembro-me que precisava de um tempo para parar e sentia-me cansada. Bom, eu podia não ter ligado a isso e continuar a minha vida com as minhas tarefas diárias, mas não. Apesar de não compreender muito bem, continuei. Voltei a falar do assunto algumas vezes e o Serge concordou. Não conhecia nenhum convento nem sabia se os conventos recebiam pessoas. Fiz uma pesquisa rápida para saber qual o convento mais perto da minha casa. O meu desejo interior era estar em silêncio diante do Santíssimo. Pouco tempo depois, cheguei aos dados das Irmãs Clarissas, do Mosteiro de Santa Clara e do Santíssimo Sacramento de Monte Real. Sim, era lá que eu tinha que estar, adorando o Senhor! 
Não sabia o que iria encontrar, não conhecia nada, apanhei um autocarro que me deixou perto do convento e sorridente entrei. 
Lá as irmãs vivem em Clausura e apenas era permitido falar com as irmãs que serviam as refeições. Permanentemente elas estão em adoração diante do Santíssimo. Foi muito marcante para mim!
Lembro-me de pensar: " Não vou desperdiçar esta oportunidade, vou passar o tempo todo que conseguir até me doer os joelhos diante do Senhor!"
No coro as Irmãs iam e vinham e estava sempre uma em adoração, assisti a todas as orações que faziam. Só saia para comer e até acho que chegava já bem depois da hora. Senti uma gratidão enorme por estar ali e na primeira oportunidade perguntei a uma irmã enquanto servia-me a refeição: " É possível falar com a Madre Superior?"
O tempo foi passando e ao avisar que iria embora, uma irmã muito querida chamou-me: " A Madre Superior quer falar consigo". Eu fiquei muito contente. Como eu queria agradecer do fundo do meu coração tudo aquilo que tinha vivido!

Já não me lembro muito bem as palavras certas do nosso diálogo. Ela ao perguntar o meu nome, disse-me que tinha reparado na minha presença em todas as orações e no meu desejo de estar com o Senhor. Perguntou-me o que eu sentia diante do Santíssimo aquele tempo todo e  como eu falava com o Senhor. Não me lembro muito bem da minha resposta mas lembro-me de lhe falar do silêncio, de me sentir vazia sem palavras, apenas ali presente. Eu queria estar dentro da hóstia no meu pensamento e coração. Depois perguntou-me: " A jovem não quer vir para o mosteiro e ser Clarissa?" e eu respondi-lhe com um grande sorriso: " Eu sou casada e tenho um filho." Nunca me vou esquecer da expressão do seu rosto, pois não estava à espera de tal resposta, pelo meu desejo de me unir ao Senhor. 

Sim, é possível sim, constituirmos família e vivermos a vida como uma total consagração ao Senhor, buscando-O acima de todas as coisas, adorando-O, levando-O às nossas crianças na simplicidade dos pequenos gestos de amor, na alegria e no conhecimento da palavra de Deus !








sexta-feira, 26 de junho de 2015

O pilar da família

Na correria do dia-a-dia, nas mil e umas tarefas na casa e com o cuidar dos filhos, faço um esforço para nunca me esquecer do pilar da nossa casa, o pilar através do qual o Senhor derrama e continuará a derramar graças sem fim para a nossa família. Podem vir grandes tempestades mas se o pilar é forte toda a casa estará protegida, abrigada e alegre. Pelo sacramento do matrimonio, a nossa família nasceu, cresceu e continuará a crescer para o amor. Este pilar do amor entre marido e mulher, precisa ser cuidado, precisa ser "regado" todos os dias com gestos, pequenos gestos de perdão, de escuta, de sacrifício.

O primeiro canto de oração da nossa família é o amor que habita no nosso coração de casal e isso os filhos reparam bem. 
Pensem sempre primeiro no outro, não durmam sem pedir e dar o perdão. Não coloquem os filhos à frente deste amor. O tempo é curto nesta vida para grandes gestos de amor... Aproveitemos ao máximo para amar e perdoar é nisto que consiste o ser feliz em família...

Cada família é Terra Santa, Altar sagrado do Senhor na terra. 

Quando rezo por uma família peço sempre primeiro pela união e amor entre marido e mulher, dou graças pelo sacramento do matrimonio. Sei que se o pilar caminha unido, tudo o resto corre bem.

Quando o Serge chega a casa, primeiro dá-me a mim um beijo e só depois dá aos mais pequenos enquanto diz: "A mamã primeiro!"